Tuesday, October 14, 2008

que sabedoria!!!

Ontem foi um dos poucos dias que em assisto um pouco de tv. Tem um programa interessante chamado "60 Minutes", que é uma versão pobrinha do fantástico. Como eu escrevi no tópico anterior, tem a ver com leitura, de novo.
O programa conta a história de um homem chamado Gary, um morador de rua no centro de Auckland. O resumo do programa diz assim: "Por um tempo, Gary teve tudo isso: uma companheira de longo tempo, um filho, uma família, casa e um trabalho. Mas não foi difícil perder tudo (ele perdeu tudo num cassino) e atingir o fundo do posso.
Gary tem vivido nas ruas, dormindo de qualquer jeito pelos últimos 12 anos. Mas ele não é um morandor de rua comum - ele escolheu esse estilo de vida e uma forma de punição que só ele pode explicar.
Ele é inteligente, amigável, articulado - falando docemente sobre a sua vida e mostrando ao pessoal do programa como sobreviver o inverno na rua".
Eu fiquei muito impressionada. Primeiro que as pessoas não imaginam um morador de rua em um país como a NZ. Então, incontrolavelmente, a gente compara tudo com o Brasil. De tudo o que Gary falou e mostrou, como ele perdeu tudo, como se jogou na rua, como decidiu não se apoiar na família nem no Governo (só no mês passado ele recorreu ao benefíco do Governo), como dorme, como vai na lavanderia uma vez na semana, como toma banho todo dia e faz 3 refeições ao dia, o que mais me chamou a atenção na sua rotina, foi a ida até a biblioteca após o café da manhã. Lá ele passa boas horas lendo e claro, faz empréstico regular de livros. Quando estava a mostrar o lugar onde dorme e onde já dormiu, deixou bem claro que o que faz a diferença é o fator luz, pois antes de dormir ele lê uns bons capítulos.
Morador de rua assim? Só acontece na NZ!!!!
Como já falei abaixo, algo deu muito errado no Brasil em relação a leitura. Bom, quem lê vai saber do que eu estou falando...
Se você tiver interesse em assistir ao vídeo, eis o link:
http://www.3news.co.nz/Video/No-Fixed-Abode/tabid/371/articleID/75606/cat/31/Default.aspx?articleID=75606#video

política no Brasil

No final de semana passada, quem está no Brasil pode votar para prefeito e vereadores. Eu passei um bom tempo sem acompanhar o que estava acontecendo em Londrina, minha cidade. Foquei em Bela Vista, onde um querido amigo concorria para prefeito. Minha grande surpresa foi na segunda, ao ler o Jornal de Londrina e ver os resultados.
Quatro anos se passaram desde a última eleição, quando eu estava no Brasil preparando meu casamento. No entando, em Londrina, os candidatos eram os mesmos, as promessas as mesmas, e o resultado foi bem parecido. Eu não vou citar nomes, mas quem está lá sabe do que eu estou falando sobre o que aconteceu para o segundo turno. Desgostoso!!! Não é nem contra o sujeito que está lá concorrendo, ainda com o passado que tem, é contra aqueles que permanecem com os olhos fechados. O que acontece em Londrina? Porque ainda as pessoas tem a coragem de dizer "rouba mas faz"!
Eu escrevi um artigo e foi publicado no Jornal de Londrina! Que bom! No meu pequeno desabafo eu citei o exemplo da leitura. Moramos em Blenheim, cidade com 26 mil habitantes. Temos uma biblioteca pública que funciona 7 dias por semana. A qualquer hora do dia, está cheia de gente. Gente chegando, gente saindo com sacolas cheias de livros. A parte superior tem a biblioteca infantil com hora do conto, brinquedos educativos e você vê mães com crianças bem pequenas no meio dos livros. O interesse pela leitura aqui é surpreendente. A bilioteca tem o catálogo on line:
http://libraries.marlborough.govt.nz/
Quando estivemos em Londrina entre final de março e abril, levei o Chris até a Biblioteca Municipal. Ele olhou, achou o prédio interessante e então perguntou: "É só isto"? O que ele quis dizer, para uma cidade de quase 500 mil habitantes, uma biblioteca menor do que Blenheim? Tudo bem, tem as bibliotecas das Universidades, mas muitos dos que estão ali, estão a fazer o que eu chamo de leitura acadêmica obrigatória. Quantos livros a gente lê só pelo prazer de ler quando se está na faculdade?
Pelo que eu tenho aprendido, livro aqui é essencial. Faz parte do seu aprendizado contínuo. Imaginem se eu quero reformar uma cadeira velha que era da avó do Chris e não sei como fazer...vou lá e pego um livro sobre isso. Eu não sei como podar a árvore de maçã...vou lá eu atras de um livro...é assim que funciona! Você não dá a desculpa de que não sabe o que e como fazer. Pega um livro e acha!
Outra coisa que o Chris notou: o número de livrarias em Londrina. Para uma cidade daquele tamanho, quantas tem? Uma grande no centro, uma no shopping..e várias lojas de livros de segunda mão. Aqui em Blenheim tem umas 5 lojas de livros grandes, e sempre cheias.
Lógico que aí também entra o poder aquisitivo. Eu fiquei chocada quando fui comprar uns livros para os meus sobrinhos e vi os preços. Como é que brasileiro vai poder comprar livros? A combinação da falta de cultura e de dinheiro é uma combinação perigosa e acaba nisso: na hora do voto, o cidadão só consegue lembrar da dentadura que ganhou os dos tijolos para fazer o muro. Numa escala maior, assim vai o Brasil. Basta ver os resultados em diversas capitais.
Eu cresci com poucos livros, mas me agarrei a eles! Confesso que depois da minha leitura académica obrigatória, passei por uma fase sem muito ler. De repente, deu-me uma vontade louca de ler literatura brasileira!! ahaha! mas ai não tinha nenhum livro aqui e ler na internet não me agrada muito. Trouxe alguns e agora estou lendo, bem devagar, O Guarani. Também leio 1808, que excelente livro! Adorei a linguagem simples e cativante sobre a história do Brasil. Tenho tentando ler mais em português(e a escrever também). De repente percebi que estava a ler e a escrever mais em inglês, e o Chris lendo mais português do que eu!!!
Estou a tentar a fazer um balanço e vamos ver no que dar. Reconheço que desaprendi muito a escrever, a descrever. Ainda tenho receio de publicar aqui, mas quer saber? Eu sei! Eu sei que sei escrever o que eu sei!

Wednesday, February 13, 2008



Ja me perguntaram do que era a fabrica. Fabrica de Pavolva?
o que?
Pavlova e uma sobremesa kiwi (os australianos juram que e deles), e foi criada com o nome de uma bailarina russa (Anna Pavlova) que veio para esse lado do mundo.
E uma base feita de suspiro, que depois de ir ao forno, ganha chantilly e decoracao com a sua fruta preferida. Eu particularmente nao sou muito chegada. Quem gosta e meu irmao que ate fez uma depois que voltou da NZ. Quem comeu, comente.

Consegui voltar

Finalmente consegui voltar!!! O que aconteceu comigo que eu nao consigo mais escrever? sera que e porque nesse teclado eu nunca consigo usar os acentos e fica esquisito?
Sim, tenho tanta coisa para contar...mas porque nao conta entao? TAnta gente reclama que eu nao mando noticias, mas sinceramente, se eu fosse escrever para todo mundo, ficaria o resto da vida sentada com o laptop esquentando as minhas pernas.
Gente, a vida e corrida ate nessa parte do mundo...
deixa ver se eu consigo me situar e ver o que aconteceu nos ultimos meses...
Bem, em julho eu fiquei muito estressada. Deprimida mesmo. Tentar um filho e nao conseguir mexe com a gente. EStar num pais diferente, com pessoas achando que voce da conta e barra. Alem do mais tem a auto-estima que vai ficando baixa e voce so quer ficar quieta no seu canto. Eu evitei muita gente....no telefone, na internet, na minha porta. Queria um tempo. CAnsei do trabalho porque percebi que estava estressada suficiente para esquentar a bumda de uma crianca. Entao pedi as contar e hibernei...era inverno, fiquei ate tarde na cama, e a tarde na cama. Coisa boa. Um luxo so...lembrava de quantas vezes tinha que sair no frio(que nem e tao frio assim) de Londrina, pergar onibus...ir trabalhar e so voltar tarde da noite.
Comecei a parar de ter remorcos, de ficar me sentindo culpada quando nao estou fazendo nada.
Mas a tal da depressao e muito estranha. Lembro-me de estar participando de um seminario sobre saude da mulheres migrantes e me deu tanta vontade de chorar..assim, do rosto ir ficando vermelho e dos olhos comecarem a lagrimejar. A vergonha fez o seu papel e eu me segurei.
mas o tempo passou e nos tres meses que fiquei em casa, nao fiz muita coisa. nem bordei, nem costurei, nem li e escrevi poucos emails...mas Deus foi bom demais comigo (como sempre) e do mesmo jeito que a drepre chegou...foi se embora (de vez em quando ainda vem dar uma espiada).
REsolvi me ocupar, mas a baixa estima ainda era pequena para ir tentar outro trabalho que exigiria mais de mim. Fui parar numa fabrica. Se tem lugar melhor para conhecer como sao muitos dos kiwis....fabrica e o lugar.
Logico que nao e so a nacionalidade...e o estado de espirito. Eu fiquei um pouco chocada como as pessoas nao se valorizam. Quando eu digo as pessoas, sao aquelas que estavam la e que representam uma pequena parcela do mundo que eu ainda estou a conhecer.
Fofoca, conspiracao, ah isso tem em todo lugar nao e? E gente nao querendo pegar pesado? Caramba, principalmente os mais jovens!!! Nao estao nem ai para as coisas. So querem o dinheiro para o fim de semana gastara com bebida e ter petroleo no carro. Eu fiquei um pouco chocada com o tipo de conversa. Ja dei aulas para jovens em bairros de periferia mesmo, e nunca vi certo tipos de conversa...podem ate fazer, mas nao se comenta assim para toda a torcida do flamengo e do corintias! Logico que conheci pessoas incriveis la, ainda que penso nesse caso, essas pessoas nao mereciam estar nesse tipo de trabalho...anyway...
Bem, o trabalho era cansativo e ate dezembro...pertinho do Natal...ja quase nao tinha mais pernas..e olha que nesses meses, pedalei pelo menos 6km todo dia...mas acabou e como dizia Pessoa...tudo vale a pena quando a alma nao e pequena!!!